Foi decretado Junho como o mês de conscientização para a importância do teste do pezinho, nome popular para o exame chamado teste de triagem neonatal. Há 10 anos, o Ministério da Saúde instituía o Programa Nacional de Triagem Neonatal. O objetivo era garantir que toda criança nascida em território nacional tivesse direito ao teste do pezinho. O teste do pezinho é um exame laboratorial simples, feito a partir de um furinho no calcanhar do recém-nascido. A criança não sente dor, uma vez que o calcanhar é uma região do corpo rica em vasos sanguíneos. O exame é capaz de detectar precocemente dezenas de doenças genéticas, metabólicas e infecciosas que podem afetar o desenvolvimento físico e mental das crianças. Os pais não podem deixar de fazer o teste do pezinho em seus filhos. A explicação para a relevância do teste está no diagnóstico precoce. Quando algumas doenças - como a fenilcetonúria, o hipotireoidismo congênito, a fibrose cística ou a anemia ou traço falciforme - são identificadas logo após o nascimento e tratadas de maneira adequada, elas podem ser prevenidas e controladas. Dessa forma, é inegável a relação existente entre o tratamento precoce e os bons resultados com a saúde e o desenvolvimento infantil. É importante que se saiba também que o teste do pezinho é um teste de triagem, ou seja, um resultado alterado não implica necessariamente em diagnóstico definitivo de qualquer uma das doenças. Será preciso, em alguns casos, procurar o mais rápido possível pela confirmação dos diagnósticos suspeitos. O teste do pezinho chegou ao Brasil na década de 1970. Naqueles tempos, o exame identificava duas doenças, a fenilcetonúria e o hipotireoidismo congênito. De lá para cá, a ciência do sangue evolui – e continuará evoluindo – com pesquisas em todo o mundo. Hoje, é possível ter acesso a versões ampliadas do teste do pezinho, que permitem identificar mais de 30 doenças antes que seus sintomas se manifestem.Dada a sua importância, desde 1992, o teste do pezinho é obrigatório por lei em todo o Brasil, conforme o Ministério da Saúde. O exame, pois, é um direito do bebê. Mas a rede pública de saúde ainda não consegue oferecer as versões mais ampliadas do teste, disponíveis somente na rede privada. Tão importante quanto o acesso ao diagnóstico precoce é oferecer tratamento adequado a todas as crianças brasileiras que sofrem com as doenças detectadas pelo teste do pezinho. Algumas das patologias identificadas não têm cura. Mas, com tratamento seguro, será possível evitar uma série de problemas na vida de nossas crianças.
Dra. Flávia Segatto é especialista em Patologia Clínica do Exame Medicina Diagnóstica. CRM 10.897/DF
Dra. Flávia Segatto é especialista em Patologia Clínica do Exame Medicina Diagnóstica. CRM 10.897/DF