Anvisa anuncia reforço em medidas de combate à 'superbactéria'
Resoluções sobre álcool gel e compra de antibióticos devem ser publicadas.
Agência também vai publicar nota técnica sobre prevenção de infecções.O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Dirceu Barbano, anunciou nesta sexta-feira (22) medidas para evitar o aumento nnúmero de infecções pela superbactéria KPC, resistente a antibióticos e que pode levar à morte.
A instalação de dispensadores de álcool em gel em todos os ambientes de atendimento nos hospitais e clínicas públicas e particulares estão entre as medidas anunciadas. Barbano disse ainda que as farmácias devem passar a reter as receitas médicas para a venda de antibióticos, para comprovar que a exigência da Anvisa será cumprida.
Segundo o diretor, as normas devem ser divulgadas no início da próxima semana, mas há um período de adaptação de pelo menos 60 dias para a obrigatoriedade do álcool gel e de 30 dias para a retenção de receitas nas farmácias.
Técnicos da Anvisa estão reunidos desde esta quinta (21) para trabalhar em uma nota técnica, sobre prevenção a infecções hospitalares, e duas resoluções, a respeito das formas de prevenção a infecções nos ambientes hospitalares e da compra de antibióticos em farmácias, afirmou Barbano.Segundo o diretor, os dados notificados à Anvisa pelas secretarias de saúde nos estados e no Distrito Federal mostram que a situação no DF é a mais preocupante no país. No DF foram notificados 157 casos entre julho de 2009 e 15 de outubro de 2010.
São Paulo registrou 70 casos na Anvisa entre julho de 2009 e outubro de 2010, dos quais 24 resultaram em morte. Em outros quatro estados, os dados são referentes apenas ao período de julho de 2009 a julho de 2010: 3 no Espírito Santo, 4 em Goiás, 12 em Minas Gerais e 3 em Santa Catarina. "Certamente, em muitos desses casos a pessoa já se tratou e voltou para casa", disse Barbano.
De acordo com a Anvisa, os números podem ser maiores, já que nem todos os casos registrados pelas secretarias estaduais de saúde foram notificados à agência. Segundo ele, os dados das próprias secretarias só são notificados à agência quinzenalmente."A norma [da obrigatoriedade de notificação de infecções] já existe desde 1998, mas por essa situação de desconforto a respeito dessas informações [da superbactéria], esperamos que se aprimore o trabalho. Os municípios precisam de fato agir na cobrança da responsabilidade das unidades de saúde no cumprimento dessa norma", disse o diretor.
saiba maisSegundo ele, as reuniões do setor técnico trataram também da disponibilização de um software para que as notificações sejam feitas via web, mas não há prazo para sua implementação.
Apesar as medidas anunciadas nesta sexta, Barbano afirmou que as infecções pela superbactéria não representam um risco superior à média de outras infecções registradas no Brasil.
"Os casos não representam uma exceção. Estudos apontam que a taxa média de infecções no Brasil é de 14% entre pessoas que são identificadas em um quadro suscetível a infecções hospitalares, e os casos da KPC está dentro dessa média", disse Barbano.
Distrito Federal
Nesta semana, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou mais três mortes pela KPC. De janeiro até o dia 15 de outubro, 18 pacientes morreram por conta da superbactéria. No mesmo período, foram registradas 183 pessoas portadoras da bactéria, das quais 46 tiveram infecção.
Depois da denúncia sobre a falta de materiais básicos e estrutura adequada nos hospitais públicos do Distrito Federal para combater a superbactéria KPC, o governador Rogério Rosso (PMDB) cobrou esclarecimentos da Secretaria de Saúde. Após apresentar explicação ao governador, a secretária de Saúde, Fabíola de Aguiar, e o secretário de Logística da Saúde, Herbert Teixeira, confirmaram que os hospitais seriam reabastecidos ainda esta semana.Como surge uma superbactéria
A Klebsiella pneunoniae (KPC) não é a única vilã a ser combatida. “Superbactéria” é, na verdade, um termo que vale não só para um organismo, mas para bactérias que desenvolvem resistência a grande parte dos antibióticos. Enzimas passam a ser produzidas pelas bactérias devido a mutações genéticas ao longo do tempo, que tornam grupos de bactérias comuns como a Klebsiella e a Escherichia resistentes a muitos medicamentos.Outro mecanismo para desenvolvimento de superbactérias é a transmissão por plasmídeos. Plasmídeos são fragmentos do DNA que podem ser passados de bactéria a bactéria, mesmo entre espécies diferentes. Uma Klebsiella pode passar a uma Pseudomonas, e esta pode passar a uma terceira. Se o gene estiver incorporado no plasmídeo, ele pode passar de uma bactéria a outra sem a necessidade de reprodução.
No território nacional, além da KPC, circulam outras bactérias multirresistentes, como a SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase).
Remédios
Entre os remédios ineficazes estão as carbapenemas, uma das principais opções no combate aos organismos unicelulares. Remédios como as polimixinas e tigeciclinas ainda são eficientes contra esses organismos, mas são usados somente em casos de emergência como infecções hospitalares.
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terça-feira, 30 de novembro de 2010
ANVISA E SUPERBACTÉRIA
TECSAÚDE- ESPECIALIZAÇÃO EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 2010-2011
O Programa TecSaúde inicia uma nova fase com a oferta de cursos de Especialização em Urgência e Emergência para Técnicos de Enfermagem.
O curso é destinado aos profissionais que desejam se aperfeiçoar e adquirir competências para atuar em diversas áreas da saúde. O aluno receberá o material didático, inteiramente gratuito, com conteúdo preparado exclusivamente para atender ao perfil do aluno-trabalhador do setor saúde. A carga horária é de 360 horas em um período de cinco meses.
O primeiro curso a ser oferecido é Urgência e Emergência. As demais áreas de especialização que serão oferecidas ainda em 2011 são Neonatologia de Risco, Terapia Renal Substitutiva e Oncologia.
Documento Preliminar do Referencial Curricular para consulta pública, clique aqui: Urgência e Emergência.
Credenciamento de ESCOLAS para o Curso de Especialização Profissional de Nível Técnico em Enfermagem na área de Urgência e Emergência:
Edital 003/2010.
Retificação do Edital 003/2010.
Retificação do Edital 003/2010 - Prorrogação.
Esclarecimento 01 ao Edital 003/2010.
Esclarecimento 02 ao Edital 003/2010.
Esclarecimento 03 ao Edital 003/2010.
Esclarecimento 04 ao Edital 003/2010.
Formulários do Edital 003/2010 em formato MS-Word
Ficha de inscrição para escola.
Credenciamento de PROFISSIONAIS ENFERMEIROS para o Curso de Especialização Profissional de Nível Técnico em Enfermagem na área de Urgência e Emergência:
Edital 004/2010.
Retificação do Edital nº 004/2010.
Esclarecimento 01 ao Edital nº 004/2010.
Esclarecimento 02 ao Edital nº 004/2010.
Esclarecimento 03 ao Edital nº 004/2010.
Ficha de inscrição para profissionais - Prazo Encerrado
Se tiver dúvidas, fale conosco:tecsaudecredencia@fundap.sp.gov.br
A ÉTICA PROFISSIONAL NA ENFERMAGEM
ÉTICA PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM
O termo Ética refere-se aos padrões de conduta moral, isto é, padrões de comportamento relativos ao paciente, ao patrão e aos colegas de trabalho. Ter boa capacidade de discernimento significa saber o que é certo e o que é errado, e como agir para chegar ao equilíbrio.
Os pontos de ética enumerados foram compilados por diferentes autores. A lista pode não ser completa, mas contém os pontos mais importantes e mais tarde, quando você se familiarizar com o programa de enfermagem poderá acrescentar algo na lista.
Respeite todas as confidencias que seus pacientes lhe fizerem durante o serviço.
Jamais comente em público durante as horas de folga, qualquer incidente ocorrido no hospital nem de informações sobre seu doente. Qualquer pergunta que lhe for feita sobre os cuidados que ele recebe, bem como de suas condições atuais e prognosticas, por seus familiares, deverá ser relatada ao supervisor.
Evite maledicências- jamais critique seu supervisor ou seus colegas de trabalho na presença de outros funcionários ou dos enfermos.
Respeite sempre a intimidade de seus paciente. Bata de leve á porta antes de entrar no quarto. Cubra-o antes de executar qualquer posição. Cuide para que haja sempre lençóis disponíveis para exames e posições terapêuticas.
A ficha do paciente contém informação privada e deve ser guardada. Apenas as pessoas diretamente envolvidas no seu atendimento podem ter acesso a ela.
Demonstre respeito por seus colegas de trabalho em qualquer ocasião. Seja leal a seus chefes. Trate-os assim como a seus pacientes, pelo sobrenome, em sinal de respeito. Nunca recorra a apelidos, doenças ou número de quarto para se referir aos doentes.
Aceite suas responsabilidades de bom grado. Antecipe-se ao chamado do paciente; procurando adivinhar-lhe as necessidades. É importante que você não exceda suas responsabilidades nem sua habilidade. Conheça bem seu trabalho.
Tenha cuidado com os objetos ao paciente, para prevenir posteriores complicações, tanto para você quanto para o hospital. Guarde os objetos pessoais do doente, isto é, dinheiro, jóias, como se fossem seus.Cuide para que os objetos de valor sejam guardados no cofre do hospital.
Assuma a responsabilidade de seus erros e falhas de julgamento, levando-se logo ao conhecimento do supervisor, do contrario, você poderá colocar em risco sua própria pessoa, o paciente e o hospital.
O bom atendimento ao enfermo não permitir que haja preconceitos de raça, religião ou cor. Dispense a todos a mesma consideração e o mesmo respeito, e dê-lhes o melhor de si.
Recorra á igreja da qual faz parte do paciente sempre que necessário. Nunca se coloque na posição de conselheiro espiritual, mas esteja ciente de sua obrigação, em providenciar este tipo de apoio sempre que necessário. Comunique ao supervisor quando o paciente exigir um apoio religioso especial.
Não comente sua vida nem seus problemas pessoais ou familiares com seus doentes a não ser em termos gerais.
Falar alto e fazer muito barulho é um comportamento impróprio que incomoda ao paciente e a seus familiares. Ande não corra, mesmo em situações de emergência.
Ter boas maneiras é uma obrigação. Os visitantes são convidados dentro do hospital. Se você os tratar com respeito e cortesia, eles confiarão mais em você e no hospital.
Gratificações, como dinheiro, presentes e gorjetas por parte dos pacientes, devem ser recusadas.
Não faça refeições no quarto do enfermo nem no local onde é preparada sua comida. Não é permitido comer restos deixados pelo doente e nem servir-se da comida que lhe é destinada.
Use com moderação o material fornecido pelo hospital. Tenha cuidado com os equipamentos. Levar para casa objetos de propriedades do hospital, como termômetros, canetas e loção para as mãos é roubo.
Durante a carreira de enfermagem você encontrará certos tipos especiais de pacientes, como viciados em drogas, alcoólicos, criminosos, suicidas e pervertidos sexuais. Não deixe que sua simpatia e antipaia pessoal interfiram no atendimento a essa espécie de doente. Não permita, tampouco, que a condição social ou econômica do paciente modifique a qualidade do atendimento que você dispensa.
Tirar medicamentos da reserva do hospital ou do paciente é roubo. Não se aproveite da presença do médico para lhe pedir que prescreva medicação para você ou seus familiares.
Nunca faça diagnóstico nem medicação para os pacientes, para seus familiares e amigos, porque isso constitui exercício ilegal da Medicina.
Não deixe que se estabeleçam laços pessoais entre você e seu paciente.
Delicadamente desencoraje-o quando ele fizer tentativas neste sentido.
Você poderá ser despedido(a) se for encontrado(a) sobre efeito de álcool ou de outras drogas, o fato deverá ser levado imediatamente ao conhecimento do seu supervisor.
Permaneça no seu setor de trabalho, só saindo quando lhe for permitido, como nos intervalos para almoço e descanso.
Responda logo a qualquer chamado do paciente. Atenda a suas solicitações, sempre que possível. Quando estiver em dúvida ou não for capaz de faze-lo, chame o supervisor.
Normalmente é a enfermeira chefe quem atende ás chamadas telefônicas. Caso você tenha de faze-lo seja educado(a) e cortês. Encaminhe qualquer chamada telefônica á autoridade competente. As ordens médicas dadas por telefone só devem ser recebidas pela enfermeira chefe. O telefone da enfermeira só deve ser usado para chamadas internas do hospital e nunca para chamadas pessoais.
Os tópicos acima citados deverão fazer parte do dia-a-dia e num processo de Reflexão.
Carta Brasileira dos Direitos do Paciente
Os participantes do II Congresso de Humanização do Hospital e da Saúde, realizado em São Paulo, de 13 a 15 de agosto de 1982, e promovido pelo Centro São Camilo de Desenvolvimento em Administração da Saúde.
- coerente com os objetivos mais elevados de suas profissões e solidários com a pessoa enferma, objetivo e sujeito de seu atendimento;
- testemunhando seu respeito pelos direitos humanos e pela liberdade e dignidade da pessoa que servem;
- considerando as necessidades bio-psiquico-sociais do enfermo;
- considerando o direito á saúde assegurado pela constituição brasileira a todo o cidadão;
- crendo na possibilidade da prática de uma medicina verdadeira voltada para o homem integral;
- considerando a necessidade de evitar agressões de qualquer ordem ao enfermo e de integrá-lo como elemento ativo no processo terapêutico;
- considerando que o desenvolvimento tecnológico verificado na área da saúde pode gerar uma despersonalização dos cuidados prestados aos pacientes;
- proclama esta CARTA BRASILEIRA DOS DIREITOS DO PACIENTE que servirá como ponto de referencia para o exercício profissional da equipe de saúde e para a operação das instituições desta área.
Toda pessoa que necessita de cuidados de saúde tem direito:
1- á saúde e á correspondente educação sanitária para poder participar ativamente da preservação da mesma.
2- De saber como, quando e onde receber cuidados de emergência
3- Ao atendimento sem qualquer restrição de ordem social, econômica, cultural, religiosa e social ou outra.
4- Á vida e á integridade, física, psíquica e cultural.
5- Á proteção contra o hipertencinismo que viola seus direitos e sua dignidade como pessoa.
6- Á liberdade religiosa e á assistência espiritual.
7- De ser respeitado e valorizado como pessoa humana.
8- De apelar do atendimento que fira sua dignidade ou seus direitos como pessoa.
9- De ser considerado como sujeito do processo de atendimento a que será submetido.
10- De conhecer seus direitos a partir do inicio do tratamento.
11- De saber se será submetido a experiência, pesquisas ou praticas que afetem o seu tratamento ou sua dignidade e de recusar submeter-se as mesmas.
12- De ser informado a respeito do processo terapêutico a que será submetido, bem como de seus riscos e probabilidade de sucesso.
13- De solicitar a mudança de médico, quando o julgar oportuno, ou de discutir seu caso com um especialista.
14- Á assistência médica durante o tempo necessário e até o limite das possibilidades técnicas e humanas do hospital.
15- De solicitar e de receber informações relativas aos diagnósticos, ao tratamento e aos resultados de exames e outras práticas efetuadas durante sua internação.
16- De conhecer as pessoas responsáveis pelo tratamento e de manter relacionamento com as mesmas.
17- A ter seu prontuário devidamente preenchido, atualizado, e mantido sem sigilo.
18- A rejeitar, até os limites legais, o tratamento que lhe é oferecido e a receber informações relativas ás conseqüências de sua decisão.
19- Ao sigilo profissional relativo á sua enfermidade por parte de toda a equipe de cuidados.
20- A ser informado do estado ou da gravidade de sua enfermidade.
21- De ser atendido em instituição com serviço adequados.
22- De conhecer as normas do hospital relativas á sua internação.
23- De receber explicações relativas aos componentes da fatura independente da fonte de pagamento.
24- De receber familiares ou outras pessoas estranhas á equipe de cuidados.
25- De deixar o hospital independente de sua condição ou situação financeira mesmo contrariando o julgamento do seu médico e do hospital, embora, no caso deva assinar seu pedido de alta.
26- De recusar sua transferência para outro hospital ou médico até obter todas as informações necessárias para uma aceitação consciente da mesma.
Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987
Regulamenta a Lei nº 7.498,de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras providencias.
O Presidente da Republica, usando das atribuições que lhe confere o art. 81, item III, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art.25 da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, decreta:
Art. 1º- É livre o exercício de Enfermagem em todo o território nacional, observadas as disposições dessa Lei.
Art 2º - A Enfermagem e suas atividades Auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde ocorre o exercício.
Parágrafo Único- A Enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação.
Art. 3º - O planejamento e a programação das instituições e serviços de saúde incluem planejamento e programação de Enfermagem.
Art. 8º- São Auxiliares de Enfermagem:
I- o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido por Instituição de ensino, nos termos da Lei e registrado no órgão competente;
II- o titular do diploma a que de refere a Lei nº 2.822, de 14 de junho de 1956;
III- o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso III do art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de 1955, expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
IV- o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo serviço Nacional da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão congênere da Secretaria de saúde na unidades de Federação, nos termos do decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº 8,778, de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;
V- o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do decreto-lei nº299, de 28 de fevereiro de 1967;
VI- o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certificado de Auxiliar de Enfermagem.
Art. 11- O Auxiliar de Enfermagem executa as atividades auxiliares, de nível médio atribuídas á equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:
I- preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos;
II- observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua qualificação;
III- executar tratamentos especificamente prescritos, ou de rotina, além de outras atividades de Enfermagem, tais como:
a) ministrar medicamentos por via oral e parenteral;
b) realizar controle hídrico;
c) fazer curativos;
d) aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, enema e calor ou frio;
e) executar tarefas referentes á conservação e aplicação de vacinas;
f) efetuar o controle de pacientes e de comunicantes em doenças transmissíveis;
g) realizar testes e proceder á sua leitura, para subsidio de diagnósticos;
h) colher material para exames laboratoriais;
i) prestar cuidados de Enfermagem pré e pós-operatórios;
j) circular em sala de cirurgia e, se necessário, instrumentar;
k) executar atividades de desinfecção e esterilização;
IV- prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar por sua segurança, inclusive:
a) alimentá-lo ou auxiliá-lo a alimentar-se;
b) zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos e de dependência de unidades de saúde;
V- integrar a equipe de saúde;
VI- participar de atividades de educação em saúde, inclusive:
a) orientar os pacientes na pós-consulta, quando ao cumprimento das prescrições de Enfermagem e médicas;
b) auxiliar o Enfermeiro e o técnico de Enfermagem ma execução dos programas de educação para saúde;
VII- executar os trabalhos de rotina vinculados á alta de pacientes;
VIII- participar dos procedimentos pós-morte.
Lei nº 5.905, de 12 de junho de 1.973
Dispões sobre a criação dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem e das outras providencias.
O Presidente da Republica.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art 1º - São criados o Conselho Federal de Enfermagem (COFEM) e os Conselhos Regionais de Enfermagem (COREN), constituindo em seu conjunto uma autarquia, vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social.
Art 8º- compete ao Conselho Federal:
I- aprovar seu regimento interno e dos Conselhos Regionais;
II- instalar os Conselhos Regionais;
III- elaborar o Código de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando necessário, ouvidos os Conselhos Regionais;
IV- baixar provimentos e expedir instruções para uniformidade de procedimento e bom funcionamento dos Conselhos Regionais;
V- dirimir as duvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais;
VI- apreciar, em grau de recursos, as decisões dos Conselhos Regionais;
VII- instituir o modelo das carteiras profissionais de identidade e as insígnias da profissão;
VIII- homologar, suprir ou anular atos dos Conselhos Regionais;
IX- aprovar anualmente as contas e a proposta orçamentária da autarquia, remetendo-as aos porgãos competentes;
X- promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional;
XI- publicar relatórios anuais de seus trabalhos;
XII- convocar e realizar as eleições para sua diretoria;
XIII- exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas por lei;
Art. 9º- O mandato dos membros do Conselho Federal será honorifico e terá a duração de três anos, admitida uma reeleição.
Art. 10º- A receita do Conselho Federal de Enfermagem será constituída de:
I- um quarto da taxa de expedição das carteiras profissionais;
II- um quarto das multas aplicadas pelos Conselhos Regionais;
III- um quarto das anuidades recebidas pelos Conselhos Regionais;
Art. 15º - Compete aos Conselhos Regionais:
I- deliberar sobre inscrição no Conselho e seu cancelamento;
II- disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observados as diretrizes gerais do Conselho Federal;
III- fazer executar as instruções e provimentos do Conselho Federal;
IV- manter o registro dos profissionais com exercício na respectiva jurisdição;
V- conhecer e decidir os assuntos atinentes á ética profissional, impondo as penalidades cabíveis;
VI- elaborar a sua proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno e submetê-los á aprovação do Conselho Federal;
VII- expedir a carteira profissional indispensável ao exercício da profissão, a qual terá fé publicada em todo território e servirá de documento de identidade;
VIII- zelar pelo bom conceito da profissão e dos que a exerçam;
IX- publicar relatórios anuais de seus trabalhos e relação dos profissionais registrados;
X- propor ao Conselho Federal medidas visando á melhoria do exercício profissional;
XI- fixar o valor da anuidade;
XII- apresentar sua prestação de contas ao Conselho Federal, até o dia 28 de fevereiro de cada ano;
XIII- eleger sua diretoria e seus delegados eleitores ao Conselho Federal;
XIV- exercer as demais atribuições que lhes forem conferidas por esta Lei ou pelo Conselho Federal.
A ENFERMAGEM NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
- Por Karina Aparecida Rodrigues
- Publicado 2/08/2009
- Enfermagem
A Enfermagem e o Cuidar Humanizado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
INTRODUÇÃO
A palavra humanização pode ser entendida como a maneira de ver e considerar o ser humano a partir de uma visão global, buscando superar a fragmentação da assistência. Um dos aspectos que envolvem uma prática dessa natureza está relacionado ao modo como lidamos com o outro. Assim, essa característica implica em fazermos a diferença no modo como lidamos com outro, tratando-o com dignidade e respeito, valorizando seus medos, pensamentos, sentimentos, valores e crenças, estabelecendo momentos de fala e de escuta (REICHERT; LINS; COLLET, 2007).
Humanizar não é uma técnica ou artifício, é um processo vivencial que permeia toda a atividade das pessoas que assistem o paciente, procurando realizar e oferecer o tratamento que ele merece como pessoa humana, dentro das circunstâncias peculiares que se encontra em todos os momentos no hospital (LIMA, 2004).
Na humanização Neonatal são preconizadas várias ações, as quais estão voltadas para o respeito às individualidades, à garantia da tecnologia que permita a segurança do recém-nato e o acolhimento ao bebê e sua família, com ênfase no cuidado voltado para o desenvolvimento e psiquismo, buscando facilitar o vinculo pais-bebê durante sua permanência no hospital e após alta.
A importância do envolvimento da equipe de enfermagem na assistência ao binômio mãe-filho ressalta a necessidade de humanizar essa assistência facilitando a interação entre equipe profissional-RN-mãe. Esse cuidado proporciona o crescimento e desenvolvimento e recuperação do RN de forma satisfatória e contribui para minimizar os efeitos nocivos provocados pela hospitalização, tornando os pais elementos ativos dentro do processo de hospitalização, além de contribuir para uma boa qualidade de sobrevida do bebê (MOREIRA, 2001).
Para os pais a UTI Neonatal é um ambiente de esperança e de medo. Esperança por saber que este é um local preparado para atender melhor seu filho e aumentar as chances de sobrevida. Medo por saber dos riscos inerentes aos pacientes que vão para tal ambiente, e ainda, sentimentos de frustração, por não estarem em geral, preparados para esta separação. Na intenção de diminuir os efeitos dessa separação, têm surgidos métodos que buscam garantir à mãe e à criança a oportunidade de estarem juntos após o parto para que o desenvolvimento do apego não seja prejudicado (FERREIRA; VIEIRA, 2003).
A humanização da assistência na UTIN deve se pautar no cuidado singular, na integridade e no respeito à vida. É dependente do encontro envolvendo cuidador e ser cuidado. A construção da “integralidade não deve ser transformada em um conceito, mas sim numa prática do cuidado que trata da valorização da vida, do respeito ao outro e das diferenças entre os seres humanos” (PINHO, 2006).
Portanto, na UTIN o cuidado de enfermagem deve estar voltado às necessidades da criança e sua família, desenvolvendo uma proposta do cuidado centrado na família, encorajando-os ao envolvimento afetivo e no cuidado de seu filho. Com isso, pretende-se preservar a indissolubilidade do binômio mãe-filho, reduzindo assim o tempo de internação, aumentando o calor afetivo e a colaboração da equipe de saúde, criando um vinculo de confiança entre família e equipe (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006).
A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)
A estrutura e organização da UTIN deve levar em conta os avanços terapêuticos e tecnológicos disponíveis para o cuidado do recém- nascido de alto risco para que possa atender a essas novas realidades. Todo planejamento e organização da UTIN, da escolha do material, recursos humanos, bem como planta física, deve levar em consideração e enfatizar o cuidado centrado na família em todos os aspectos da assistência, da admissão até a alta hospitalas, quando então a assistência integral ao recém-nascido de alto risco e família será enfatizada. A estrutura do hospital onde será implantada a UTIN deverá ser analisada para se certificar de que possui todos os serviços técnicos e humanos de apoio para atender as demandas do cuidado do recém-nascido enfermo, 24 horas por dia, como: laboratório clínico e patológico, radiologia, farmácia, ECG, serviço social, ecocardiograma, gasometria, banco de sangue, entre outros (TAMEZ e SILVA, 2006).
Na UTIN há equipes especializadas de médicos e enfermeiros, além de outros profissionais de saúde e pessoal de apoio contando com a retaguarda de exames complementares, laboratoriais e radiológicos, tudo funcionando 24 horas por dia; equipamentos modernos como incubadoras, respiradores, monitores cardíacos e de oxigenação, entre muitos outros, são obrigatórios neste ambiente de UTIN de modo a garantir todos os cuidados que o bebê precisa (Grupo de Trabalho de
Humanização
Segundo Nogueira (1997) palavra humanização pode ser entendida como a maneira de ver e considerar o ser humano a partir de uma visão global, buscando superar a fragmentação da assistência. Um dos aspectos que envolvem uma prática dessa natureza está relacionado ao modo como lidamos com o outro. Uma das características do processo de trabalho em saúde é que o mesmo “se funda numa inter-relação pessoal muito intensa”. Assim, essa característica implica em fazermos a diferença no modo como lidamos com outro, tratando-o com dignidade e respeito, valorizando seus medos, pensamentos, sentimentos, valores e crenças, estabelecendo momento de fala e de escuta.
Humanizar de acordo com os valores ético consiste fundamentalmente, em tornar uma prática bela, por mais que ela lide com o que tem de mais degradante, doloroso e triste na natureza humana, o sofrimento, a deteriorização e a morte. Refere-se, portanto, a possibilidade de assumir uma posição ética de respeito ao outro e de reconhecimento dos limites. O ponto chave do trabalho da humanização está no fortalecimento desta posição ética de articulação do cuidado ético técnico cientifico, já construído, conhecido e denominado, ao cuidado que incorpora a necessidade, a exploração e acolhimento do imprevisível, do incontrolável, ao indiferente e singular (MORAES et al., 2004).
Segundo Lima (2004) “humanizar não é uma técnica ou artifício, é um processo vivencial que permeia toda a atividade das pessoas que assistem o paciente, procurando realizar e oferecer o tratamento que ele merece como pessoa humana, dentro das circunstâncias peculiares que se encontra em cada momento no hospital”.
A humanização representa um conjunto de iniciativas que visa à produção de cuidados em saúde, capaz de conciliar a melhor tecnologia disponível com promoção de acolhimento, respeito ético e cultural ao paciente, espaços de trabalho favoráveis ao bom exercício técnico e a satisfação dos profissionais de saúde e usuários (DESLANDES, 2004).
Assim humanizar passa a ser responsabilidade de todos, individual e coletivamente. Jamais estará dada, sendo preciso reconstruí-la em todos atos de saúde, quer aqueles burocráticos – administrativos, quer aqueles relacionais. Humanização no setor saúde é ir além da competência tecnocientífica – política dos profissionais, compreende o desenvolvimento da competência das relações inter-pessoais que precisam estar pautadas no respeito à vida, na solidariedade, na sensibilidade de percepção das necessidades singulares dos sujeitos envolvidos (CASATE e CORRÊA, 2005).
Segundo Baraúna (2000) humanizar é acolher esta necessidade de resgate e articulação de aspectos indissociáveis: o sentimento e o conhecimento. Mais do que isso, humanizar é adotar uma prática na qual o enfermeiro, o profissional que cuida da saúde do próximo, encontre a possibilidade de assumir uma posição ética de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido, do imprevisível, do incontrolável, do diferente e singular, reconhecendo os seus limites. A possuir uma pré-disposição para a abertura e o respeito ao próximo como um ser independente e digno.
Humanização em UTIs
A humanização em UTI onde se presta cuidados a pacientes críticos, os profissionais de saúde especialmente os enfermeiros, necessitam utilizar a tecnologia aliada a empatia, a experiência e a compreensão do cuidado prestado fundamentado no relacionamento interpessoal terapêutico, a fim de promover um cuidado seguro, responsável e ético em uma realidade vulnerável e frágil. Cuidar em Unidades Criticas é ato de amor, o qual esta vinculado: a motivação, comprometimento, postura ética e moral, características pessoais, familiares e sociais (SILVA, 2000).
Na humanização do cuidado Neonatal, o Ministério da Saúde preconiza várias ações, as quais estão voltadas para o respeito às individualidades, à garantia da tecnologia que permita a segurança do recém-nato e o acolhimento ao bebê e sua família, com ênfase no cuidado voltado para o desenvolvimento e psiquismo, buscando facilitar o vínculo pais-bebê durante sua permanência no hospital e após a alta (REICHERT; LINS; COLLET, 2007). Segundo Scochi (2000) a importância da manutenção da qualidade de vida do prematuro internado em uma UTI Neonatal determinou a busca de um atendimento individualizado e direcionado ao desenvolvimento integral do bebê e sua família. Assim, o pai e a mãe foram inseridos no processo de trabalho, tendo em vista o fornecimento de estímulos sensoriais ao neonato, ao estabelecimento do vinculo e apego, além do preparo para o cuidado domiciliar melhorando a qualidade de vida do bebê. A família, quando introduzida no processo de trabalho da unidade, foi considerada pelos profissionais como um agente e foi envolvida na implementação de intervenções que os profissionais julgavam ser importantes para suprir as necessidades da criança e da família. Contudo, nem sempre a família tem sido ouvida nesse processo e, portanto, não conhece a expectativa da equipe em relação a sua participação na assistência. Ao adentrar ao hospital, a família traz consigo a necessidade de vivenciar o nascimento do seu filho, provando sensações novas, enfrentando risco de seqüelas e da morte, tendo medo e insegurança de realizar o cuidado domiciliar (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006). Segundo Clipping (2001) a humanização leva a um contato mais próximo, a uma relação mais humana entre o bebê, a família e os próprios profissionais. O hospital não é um ambiente ideal para bebês, e hoje em dia os profissionais são muito técnicos é necessário que se tente buscar criar um espaço mais adequado e assim não tratar os neonatos como números, mostrando que apesar de serem frágeis e pequenos, merecem respeito como seres humanos em primeiro lugar enfim, criar uma nova humanização dentro de um local que às vezes por causa da correria fica difícil encontrar.
ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
A Humanização do cuidado de Enfermagem na UTIN
O trabalho de enfermagem é considerado como um processo particular do trabalho coletivo em saúde. Tem um caráter subsidiário, complementar e tem como objeto de trabalho, o corpo humano individual e coletivo.
A preocupação com a humanização da assistência em uma unidade de terapia intensiva neonatal não deve se restringir ao ato de saúde em si. Pensar na melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais implica em mudanças nas formas de gestão hospitalar, na melhoria da infra-estrutura e no fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais (GAÍVA, 2004).
Além dos aspectos de compromisso e infra-estrutura e gestão hospitalar, a humanização envolve o ato de saúde em si. Nas UTI’s observa-se a preocupação da equipe de enfermagem com o quadro clínico do recém nascido, porém, identifica-se a dificuldade em vislumbrar o bebê em sua integridade, que faz parte de uma família, e que essa se encontra desequilibrada. Portanto, na UTIN o cuidado de enfermagem deve ser voltado às necessidades da criança e sua família, encorajando-os ao envolvimento afetivo e no cuidado de seu filho.
Com isso, pretende-se preservar a indissolubilidade do binômio mãe-filho, reduzindo assim o tempo de internação, aumentando o calor afetivo e a colaboração da equipe de saúde, criando um vinculo de confiança entre família e equipe (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006).
A enfermagem identifica como ações de humanização no cotidiano do cuidado aquelas que envolvem a família na assistência, deixando a mãe sempre ao lado do bebê. Observa-se que a família é apreendida de forma fragmentada, pois a enfermagem restringindo-se a responder os questionamentos de rotinas do hospital, já que muitas vezes os familiares nem sabem o que perguntar, pois não entendem o que está acontecendo com o filho, a gravidade do problema, porque precisa permanecer naquela unidade de internação. A equipe não percebe que esses fatores potencializam o processo de aflição e estresse vivenciado, desestruturando a vida social e emocional da família.
Humanização da Assistência na UTI Neonatal
A equipe de saúde que trabalha na UTIN é confrontada diariamente com questões relacionadas à morte, utilizando muitas vezes de mecanismos de defesa para evitar o confronto com a angústia, gerada pela participação do sofrimento do paciente, podendo causar, se não trabalhado adequadamente, o estresse, o sofrimento psíquico. Nesse processo, o sofrimento pode ser potencializado pela forma como está organizado o trabalho, a saber, jornadas prolongadas, ritmo acelerado, falta de descanso ao longo do dia, ou até mesmo a jornada dupla de serviço, intensa responsabilidade na realização de tarefas para um paciente que não expressa suas angustias, irritações e medos. A vivência cotidiana com essa realidade pode levar a sentimentos de frustração, raiva, falta de confiança em si próprio, diminuição da satisfação com o trabalho, podendo, inclusive, desencadear sintomas de depressão (KNOBEL, 1998).
Para que o trabalho não se torne mecanizado e desumano, é necessário que os profissionais estejam instrumentalizados para lidar as situações do cotidiano, recebendo auxilio psicológico e aprendendo a administrar sentimentos vivenciados na pratica assistencial. Vale salientar que, para o desenvolvimento de ações humanizadas seja a filosofia da instituição. Portanto, esta deve estar comprometida com um projeto terapêutico que contemplem a humanização das relações de trabalho, da assistência e do ambiente de trabalho. Nesse contexto, é fundamental o incentivo à equipe, valorizando os profissionais enquanto seres bio-psico-sociais, pois, quando se sentem mais respeitados, valorizados e motivados como pessoas e profissionais, podem estabelecer relações interpessoais mais saudáveis com os pacientes, familiares e equipe multiprofissional (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2003).
Outro aspecto importante que influencia no desenvolvimento do trabalho é o fato de a equipe de enfermagem, geralmente, estar vinculada a mais de um emprego, dobras de plantões, horas extras, sobrecarga de trabalho sem descanso, resultando em fadiga, tensão e irritação. Devido ao esforço físico diário, repetições de tarefas e a necessidade do trabalho ser realizado em pé, os trabalhadores sofrem com o desgaste físico (SILVA, 1996).
A importância da qualidade de vida do prematuro determinou a busca de um atendimento individualizado e direcionado ao desenvolvimento integral do bebê e de sua família. Assim, o pai e a mãe foram inseridos no processo de trabalho, tendo em vista o fornecimento de estímulos sensoriais ao neonato, ao estabelecimento do vínculo afetivo e apego, além do preparo para o cuidado domiciliar melhorando a qualidade de vida do bebê e da família (SCOCHI, 2000).
Com a inclusão da família no processo assistencial, surgiu a necessidade de instrumentalizar os profissionais com os conhecimentos em psicologia familiar, apego entre mãe e filho, relacionamento interpessoal e direitos humanos, para que a atuação seja de atenção à saúde humanizada.
A enfermagem acerca da humanização do cuidado tem em vista as especificidades de seu objeto de trabalho. Na UTIN a humanização da assistência de enfermagem procura pautar-se no cuidado singular do recém nascido e sua família, na integralidade e no respeito à vida. O encontro envolvendo cuidador e ser cuidado deve ter como fio condutor a escuta sensível para a construção de uma pratica do cuidar que seja capaz de conciliar a melhor tecnologia disponível com a promoção de acolhimento, vinculo e responsabilização.
A Enfermagem como Agente Facilitador no Processo de Humanização
A UTIN é por excelência, o ambiente destinado ao atendimento de bebês de alto risco e, para tanto, exige de toda a equipe um preparo que sustente a complexidade das atividades desenvolvidas.
No tocante à equipe de enfermagem assume um leque de atribuições, capacidades e responsabilidades que são essenciais para avaliar, entender e apoiar com segurança o RN e a sua família durante o tempo crítico de permanência no hospital (MOREIRA, 2001).
A Enfermagem tem papel relevante na manutenção das condições da vitalidade dos recém nascidos, devendo fundamentar suas ações em conhecimentos científicos. Cabe ao enfermeiro da UTIN organizar o ambiente, planejar e executar os cuidados de enfermagem de acordo com a necessidade individualizada e resposta de cada criança, exercendo assim, uma assistência integral, de qualidade e humanizada (SCOCHI, 2001).
A capacitação dos profissionais de enfermagem para aprender as necessidades singulares de cada bebê é de grande importância para que os procedimentos e cuidados de rotina, dolorosos e invasivos sejam empregados de forma individualizada e singular. Um dos primeiros passos nesse sentido é a observação acurada das respostas comportamentais e fisiológicas do bebê, visando à diminuição do estresse e da dor, contribuindo para o seu conforto, segurança e desenvolvimento (REICHERT; LINS; COLLET; 2007).
Para que a assistência de enfermagem do bebê seja de qualidade, é fundamental atender as necessidades de repouso, calor, nutrição, higiene, observação e atendimento contínuo. A observação rigorosa do comportamento da criança deve ser feita antes de ser submetida a uma manipulação, durante os cuidados rotineiros e depois da execução dos mesmos, com a finalidade de identificar sinais de dificuldade de adaptação do bebê ao ambiente extra-uterino, porém, vale ressaltar que não deve se deter apenas ao atendimento das necessidades biológicas do RN, mas envolver suas necessidades emocionais, aprendendo-o de forma holística.
Na pratica clinica, o desempenho do papel da enfermagem junto aos pacientes nem sempre revela ações de apoio à interação pais/recém-nascidos, mas se mostram centrados nos aspectos técnico biológicos, o que se constitui em fonte geradora de conflito, na medida em que tal situação reflete contradição entre a formação acadêmica e o exercício profissional (SCOCHI, 2001). É importante que os profissionais de enfermagem, implementem suas ações no fortalecimento de relações interpessoais que envolvam a criança e os pais, possibilitando reflexões e fornecendo apoio necessário acerca de seus conhecimentos, ansiedades e expectativas. Tal conduta é prioritária, em se tratando de UTIN, pois neste setor a capacidade técnica é fundamental para a sobrevida dos recém nascidos, porém, priorizações das questões psicoafetivas dos bebês e de seus familiares não deve ser deixada de lado (CARVALHO, 2002).
A enfermagem e a família sempre estiveram próximas, vivendo momentos difíceis que demandam dela ações, sentimentos e pensamentos que, muitas vezes ultrapassam suas possibilidades conhecidas, a família necessita de um enfermeiro capaz, que lhe ajude a olhar esses momentos como possibilidade de superar-se nas habilidades que lhe faltam para o enfrentamento da doença do bebê (LAMY; GOMES; CARVALHO; 1997).
Salientando o papel da enfermagem na UTIN, ressaltamos que a assistência e o cuidado de enfermagem devem ser considerados como a mola propulsora para humanizar o ambiente da UTI (ARAÚJO, 2005).
O relacionamento entre o profissional de enfermagem e a família deve ser um encontro de subjetividade do qual emergem novas compreensões e interpretações, contribuindo para o sucesso do tratamento e a superação da crise ocorrida durante a hospitalização. Nesse sentido é importante estar atento ao fato de que as propostas de humanização em saúde também envolvem o processo de formação do profissional, ainda centrado no aprendizado técnico e individualizado, com tentativas muitas vezes isoladas de exercício da critica, criatividade e sensibilidade levando a cristalização dos sentimentos do profissional na construção de uma relação de ajuda eficiente aos usuários dos serviços de saúde bem como seus familiares (FERNANDES; ANDRAUS; MUNARI; 2006).
Portanto, humanizar a assistência à família e ao bebê implica oferecer um cuidado integral e singular a ambos, dando ênfase às suas crenças, valores, individualidades e personalidade, uma vez que cada ser é único, porém, envolvido em um contexto familiar, que possui uma história de vida, e por isso, deve ser respeitado para que se possa manter a dignidade desse grupo durante a hospitalização.
FAMÍLIA
O vínculo afetivo entre pais/ família e filho
Segundo Jamez (2006), somente nos últimos anos é que se reconheceu a importância em atender não só as necessidades do neonato, mas também os aspectos psicossociais dos pais. Muitas UTI neonatais já assumiram esse papel importante de guiar os pais a passar por esse período estressante de hospitalização. Atualmente está sendo promovido o cuidado centrado na família, onde os pais são participantes ativos desde admissão até a alta hospitalar. É essencial que a família acompanhe o filho durante essa fase, participando dos cuidados, para que possa ser capaz de cuidar dele após a alta hospitalar e todos se sentirem seguros quanto a esse aspecto.
O nascimento de um bebê idealizado pelos pais durante a gestação é um momento de muitas modificações e realizações. Com as primeiras manifestações de vida em seu útero, a mulher começa a imaginar como será o seu bebê, atribuindo-lhe características pessoais, passando a desenvolver, a partir deste momento, sentimentos de apego que influenciarão por toda a vida da criança (REICHERT; LINS; COLLET, 2007).
A separação do bebê de seus pais logo após o nascimento devido uma patologia, gera reações diferentes e imprevisíveis, especialmente quando esse bebê é internado em uma UTIN. Tal experiência representa aos pais um momento conflituoso em suas vidas, gerando alterações no seu cotidiano, trazendo sentimentos de angústia, dúvidas, medo do prognóstico e dificuldade na aceitação da separação e condição do filho (RICHERT; LINS; COLLET, 2007).
Separar uma mãe de seu bebê antes que ela esteja pronta para compartilhá-lo com outras pessoas podem diluir seu sentimento de competência e importância para com o bebê (BRAZELTON, 1988).
O ambiente da UTIN que é tão familiar para os profissionais de saúde, para os pais, é percebido como assustador, razão pela qual eles têm dificuldade de reconhecer o bebê como seu. Essa dificuldade no reconhecimento ocorre porque, durante a gravidez, os pais sonham com um bebê imaginário saudável, perfeito e lindo. Então, quando do nascimento, há um contraste muito grande entre a criança imaginária e aquela que eles visualizam (FERRAZ e CHAVES, 1996).
A situação critica vivenciada pelo recém-nascido de risco é geradora de grande estresse na família, especialmente nos pais, sendo intensificado pelo próprio ambiente físico da UTIN, pela insuficiência de informação. Promove um desequilíbrio emocional do bebe e de seus pais. Com a internação os pais podem criar fantasias ameaçadoras em torno das diferentes situações que envolve o termo UTI (REICHERT; LINS; COLLET, 2007).
O desequilíbrio emocional gera conflitos e agrava a sensação de culpa dos pais, dificultando sua compreensão que é importante para o bebê que eles estejam presentes no processo de hospitalização, a equipe de saúde deve considerar esses sentimentos no processo cotidiano de humanizar a assistência (REICHERT; LINS; COLLET, 2007).
A família vive uma tensão entre a aproximação e o distanciamento da criança devido a doença, a possibilidade de terminalidade. O estabelecimento e a manutenção do vínculo durante o período de hospitalização é fundamental para despertar do cuidado da família para com o bebê, como também, para acelerar o processo de recuperação da saúde deste. O contato íntimo com os pais com o bebê e o apego dos mesmos, exerce profundos efeitos no futuro crescimento e desenvolvimento do filho. Esse apego não pode ser visto somente como o inicio de um processo de experiências com o neonato bastante complexo (REICHERT; LINS; COLLET, 2007).
A recuperação do bebê não depende unicamente dos cuidados médicos e de enfermagem, mas também dos cuidados e do carinho que possa vir a receber de seus pais (LAMY e GOMES, 1997).
Um ponto importante a ser considerado no tratamento do RN de risco é reduzir a ansiedade dos pais por meio de oferecimento do apoio, para ajudá-los na expressão de seus sentimentos (FERRAZ e CHAVES, 1996).
Apego para o recém-nascido
O apego como o resultado de um processo, depende de toda uma relação de troca mútua de estímulos que levam a uma “dependência” entre os participantes do processo. O processo de vinculação culmina com o apego, que se inicia no momento em que se planeja ter um filho, que se desenvolve com as experiências que a mãe e o filho vão sofrendo durante a gestação é após o nascimento da criança em que a mãe passa a conhecer e compreender melhor o filho (BRAZELTON, 1988).
Esse sentimento influencia no desenvolvimento da criança e nas suas relações sociais, bem como auxilia a mãe a desempenhar com maior competência seu papel materno (FERREIRA e VIERA, 2003).
Nos casos onde a interação mãe/RN é impossibilitada, devido a complicações de saúde da mãe ou do RN, a troca de idéias, o apoio e o conforto emocional devem ser oferecidos por parte da enfermagem, a fim de ajudar os pais a se vincular aos filhos mesmo sem este contato prévio. Tal contato facilita e acelera o tempo para que o apego se desenvolva porem, não limita a ocorrência deste somente neste período (KLAUS e KENNELL, 1993).
Para Brazelton (1988), a mulher após um parto prematuro inconscientemente tende a culpar-se pelos fatos que deram errado e busca muitas vezes esconder-se sob uma depressão. Esse sentimento interfere no estabelecimento de um relacionamento com o filho, visto que as mães sentem-se perigosas para o filho e com isso evita de tocá-lo. Com isso as mães conformam em deixar os cuidados para a figura da enfermeira, quem a mãe julga ter maior competência para cuidar do seu filho, sem colocá-lo em risco. Que pensam que elas podem oferecer um melhor atendimento materno para seus filhos, que são acompanhados de um sentimento de inferioridade.
O relacionamento afetivo entre a mãe e o filho um fator distinto que influencia o desenvolvimento da identidade materna e é relacionado com a realização do papel da mãe que busca proporcionar amparo físico, bem como psicológico para o filho. Uma mulher deve desenvolver o laço emocional com o filho de modo a prover os cuidados apropriados á criança para o bem sucedido desenvolvimento da sua identidade de mãe (FOWLES, 1996).
Método Mãe-Canguru
O contato pele a pele, também conhecido como “cuidado canguru”, levou esse nome porque as mães canguru carregam seus filhotes em contato pele a pele enquanto esses se desenvolvem. O contato pele a pele é um método em que o RN, após o nascimento, é colocado pele a pele com a mãe em posição vertical na região torácica entre os seios (JAMES e SILVA, 2006).
Para amenizar e facilitar a adaptação materna e a recuperação mais rápida do RN, quando separados, tem um método que tem por princípio o contato pele a pele da mãe com o RN, a fim de que essa possa ajudar na recuperação do seu filho, bem como desenvolver gradativamente seu sentimento de responsabilidade e adequação, alem de prevenir para que o sentimento de apego se desfaça neste momento de crise (FERREIRA e VIERA 2003).
O programa é dirigido á RNs de baixo peso, para manter o RN em contato direto com o corpo, para lhe oferecer, estímulo e afeto; privilegiar o aleitamento materno; favorecer o estabelecimento precoce do vínculo afetivo entre a mãe e seu filho; fazer o acompanhamento do desenvolvimento do RN; proporcionar apoio e treinamento ás famílias (CHARPAK, 1999).
Segundo os autores, o método mãe-canguru tem dois objetivos fundamentais: suprir a insuficiência de recursos maternais, onde a incubadora é substituída pela mãe e o RN pode então continuar seu crescimento junto ao seio materno, que lhe fornece calor, alimento e proteção contra as infecções hospitalares; evitar a separação prolongada entre a mãe e o RN, visto que o RN carregado pela mãe pode integrar-se a família, ás vezes, desde o momento do seu nascimento.
Segundo ao Ministério da Saúde (1999), aplicabilidade do método pode ser dividida em três etapas:
Estabelece após o nascimento de um RN de baixo peso que necessita de internação, compreendendo ações como orientar a mãe e a família sobre as condições de saúde da criança e estimular livre e precoce acesso dos pais á Unidade Neonatal, propiciando sempre que possível o contato tátil com o RN, devendo ser iniciadas medidas para estímulo á amamentação;
A mãe e a criança estão aptas a permanecer em enfermaria conjunta onde à posição canguru será realizado pelo maior tempo possível;
Acompanhamento ambulatorial, onde as atribuições da equipe de saúde do ambulatório de acompanhamento são realizar exame físico completo da criança.
Para que o método tenha sucesso, a família deve ser estimulada e orientada quanto á participação e, nesse sentido, o papel da enfermagem é de grande relevância, visto que pode auxiliar e apoiar os pais na realização dos cuidados com o seu filho (FERREIRA e VIERA 2003).
Com o uso do método constatou satisfação materna na participação. Segundo o artigo publicado por Pereira (2002), que relata falas de mãe que perceberam melhoras nos seus filhos quando ficaram em contato com elas; elas tinham maior disposição para cuidar de seus filhos, e acreditaram na sua recuperação, perceberam que seus filhos acalmavam quando em contato com elas; maior segurança das mães quando estavam com os filhos e também pelo suporte técnico oferecido pela equipe.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, A. D. Trabalho no centro de terapia intensiva: perspectivas da equipe de enfermagem. REME – Revista Mineira de Enfermagem, jan - mar, 9 (1), p. 20-28, 2005.
CARVALHO, R. M. A. de. A enfermagem na promoção da presença dos pais-familiares em CTI pediátrica/neonatal. Revista Médica do Hospital São Vicente de Paulo, jul - dez, 14 (31), p. 32-34, 2002.
CASATE, J. C.: CORREA, A. K. Humanização do atendimento em saúde: conhecimento veiculado na literatura brasileira de enfermagem. Revista latino-americana de Enfermagem. V. 13, n. 1, p. 105 – 111, 2005.
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/22319/1/A-Enfermagem-e-o-Cuidar-Humanizado-na-Unidade-de-Terapia-Intensiva-Neonatal-/pagina1.html#ixzz16nRyccqE
HUMANIZAÇÃO NA SAÚDE
Humanização da Saúde
Artigo pubicando pelo Dr. Jurandir Brainer
Coordenador Médico do Fiqbem
“O maior erro dos médicos é tentar curar o corpo sem procurar curar a alma. Entretanto, corpo e alma são um e não podem ser tratados separadamente”.
Platão
Evidencia-se que desde a época de Platão já havia uma insatisfação nos rumos da Medicina, pelo menos por parte dele.
O que provoca no médico essa dicotomia?
Onde aconteceu esse desvio de rumo?
Como explicar que pessoas que escolheram espontaneamente (em sua grande maioria) dedicar suas vidas a cuidar de outros seres humanos, possam produzir erros primários de relacionamento, pondo a perder muitas vêzes um belo “trabalho técnico”, levando inclusive o objeto do seu trabalho (o paciente) a perder a confiança e o respeito?
Em nossa opinião, as causas da “Desumanização da Saúde”, especificamente da Medicina, estão relacionadas com os seguintes aspectos:
- FORMAÇÃO PROFISSIONAL
- POLÍTICAS DE SAÚDE
- PROLETARIZAÇÃO DO MÉDICO
- ÉTICA SOCIAL
Para entendermos a participação da Formação Profissional nesse processo será necessário compreender todo o processo histórico, desde a passagem da “Medicina Religiosa” (Mística), onde os povos mais primitivos procuravam aliviar o sofrimento ou curar seus semelhantes através de poções mágicas ou rituais religiosos, para a “Medicina Hipocrática”, onde foram introduzidos o método clínico, com os fundamentos da anamnese e do exame físico, sem mencionarmos os Príncipios Éticos, através do Juramento Hipocrático, origem de todos os Códigos de Ética Médica.
Em 1910, Abraham Flexner elaborou um relatório onde era analisado o modelo de transmissão de conhecimento nas Escolas Médicas Americanas e impunha mudanças necessárias naquele sistema de ensino, adotando uma sistemática de aprendizagem baseada na Doutrina Cartesiana, onde as doenças eram compreendidas como processos individuais, naturais e biológicos, guardando relações exclusivas com determinados orgãos, achando-se que conhecendo as partes, mergulhando nas suas intimidades, conheceríamos o todo. Este sistema, na verdade, revolucionou a formação médica americana e brasileira, sendo adotada pela quase totalidade das escolas médicas brasileiras, e até meados da década de 70 cumpriu muito bem o seu papel. Porém a partir de então, quando também aconteceu um maior incremento da tecnologia na área médica, tiveram inicio graves problemas, que não foram diagnosticados de imediato, e como bem analisa o Professor José Eduardo Siqueira (2000) passamos a esquecer o todo, deixamos de contemplar o ser humano em toda sua complexidade biopsicosocioespiritual. O estudante de medicina aprende a dividir o objeto de seu estudo em partes, conhecer essas partes, uni-las e tentar reconstruir o todo. As informações extraidas dos equipamentos deixaram de ser consideradas complementares e passaram a ser soberanas, ocupando o lugar reservado ao raciocinio clinico.
Como conseqüência desse Modelo Flexneriano de ensino médico em conjunto com a “Tecnologização da Medicina”, passamos a ter:
- um crescimento de especialidades e sub-especialidades com um menosprezo ao médico generalista tanto do ponto de vista cientifico quanto de remuneração,
- uma alteração para pior da relação do médico com o seu paciente, com o médico escondendo-se atrás das máquinas e com isso perdendo espaço junto aos pacientes para outros profissionais da saúde que identificaram mais essa falha e, naturalmente conquistaram o espaço vago,
- uma péssima utilização do arsenal de métodos investigativos e novamente negligenciando o maior diferencial que o profissional da medicina tem que é a anamnese e o exame físico, e com essa dependência tecnológica passou a esquecer os limites naturais do ser humano e criou a obstinação terapeutica, presente principalmente em nossas UTIs, onde em vista dos treinamentos recebidos (Modelo Flexneriano) e da sofisticada tecnologia presente passou-se a internar nesses locais pacientes cronicos e sem perspectivas de reversao do quadro clinico, que não se beneficiam e, pior, são tratados como pacientes “salváveis” quando apresentam intercorrências, e com isso provoca-se uma manutenção do sofrimento de todos, pacientes e familiares, com aumento dos custos da saúde e dificuldades de vagas para quem realmente precisa.
Além dos problemas expostos na questão da formação médica, temos problemas graves nas Politicas de Saúde em todos os niveis (Federal, Estadual e Municipal). Classifico como “Politicas de Saúde” tudo que é ou deveria ser normatizado pelo poder público, desde o desmando provocado pela quantidade exagerada de faculdades de medicina, em sua maioria ligadas ao setor privado e desprovidas das mínimas condições de funcionamento, em detrimento das faculdades do sistema oficial de ensino onde os professores após terem conseguido, com todas as dificuldades inerentes, suas capacitações, são praticamente empurrados, por falta de apoio, para essas faculdades sem propositos sociais para a comunidade.
Coloco também nessa classificação a falta de normatização para abertura de serviços de saúde, não importando a real necessidade dos serviços, a quantidade de especialistas ou máquinas disponiveis na região, mostrando que o poder publico deixa de exercer o seu papel de regulador do sistema, interferindo diretamente no setor e provocando uma concorrência autofágica e por vêzes desleal.
Portanto, vemos que existe uma quantidade exagerada de médicos colocados para trabalhar pela quantidade absurda de faculdades de medicina existentes, faculdades essas em sua grande maioria sem condições de funcionamento, uma concorrência desleal por falta de normatizações do poder público, levando a medicina a ser tratada como um comércio e acostumando aqueles que a exercem e aqueles que serão os seus objetivos (pacientes) a se colocarem como adversários, com desconfianças, esquecendo-se que o fruto do trabalho de ambos é o bem estar do ser humano.
Chegamos a um ponto de desvirtuação que o paciente não tem mais o direito de escolher o seu médico, a relação tem um intermediário que dita as normas, e novamente o poder público foge da sua obrigação de definir as condutas desse “mercado”, provocando toda uma sorte de pressões e indefinições, com atitudes que ferem frontalmente a ética médica e, muitas vêzes, dispositivos legais das áreas do Direito Cívil.
A proletarização do médico está totalmente explicada quando discorremos sobre as “Politicas de Saúde”, pois com tudo que foi dito fica claro que a Medicina passou a ser encarada como um valor de mercado, estando em alta para o estudante de medicina desde o ínicio do curso as especialidades que são mais rentáveis, e com isso, o objetivo de ser médico deixa de ser o de promover o bem estar para uma sociedade mas o de poder sobreviver financeiramente, principalmente porque as políticas financeiras para os médicos não existem.
Não existe um Plano de Cargos, Carreiras e Salários.
Não existe um Plano de Interiorização para médicos.
Cerca de 40% dos médicos recém-formados não têm asseguradas vagas para Residência Médica, porque muitas das faculdades abertas nos últimos 30 anos não têm hospitais que lhe dêem suporte, são apenas colocadoras de “profissionais no mercado.
Ainda temos pouco desemprego na medicina mas temos muito sub-emprego, e se nada for mudado, estaremos proximamente nos degladiando também para sobrevivermos.
Para finalizarmos, é importante que demos o destaque que realmente merece a “Ética Social”, pois em um momento onde procura-se enfatizar a competição entre as pessoas, muitas vêzes com métodos impróprios, onde aparecer em “Mídia” passa a ser mais importante do que o trabalho construtivo e anônimo, onde a beleza física e o ter ocupa mais destaque do que o ser, passa a ser compreensível o jovem querer ser médico para ganhar muito dinheiro, dar entrevistas, ter uma especialidade que trabalhe pouco e a máquina trabalhe muito, onde o paciente seja visto como mais um e apenas no segmento (especialidade) que o interesse, onde as outras profissões que compõem a equipe de saúde exerçam papéis secundários e sejam tratadas com prepotência e autoritarismo, portanto para mudarmos toda essa situação não podemos esquecer da necessidade de também mudarmos a compreensão de todos sobre a Ética Social.
“É fundamental que o médico estabeleça um vínculo emocional com o paciente e seus familiares, que significa oferecer-se como ser humano, não somente ouvinte disposto a receber palavras, mas também sentimentos”.
“ O médico deve entender que uma melhor relação estabelecida com seus pacientes, além de ter influência fundamental para eles, poderá possibilitar o seu próprio crescimento pessoal e profissional”.
Wilson de Oliveira Jr. (2003)
Referências bibliográficas:
- Erro Médico, III Edição – Gomes, Julio Cezar Meirelles, Ed. Unimontes, 2001.
- Admirável Mundo Médico – Bezerra, Armando José China, CRM-DF, 2002.
- A Relação com o Paciente – Rita Francis Gonzales Y Rodrigues Branco, Guanabara Koogan, 2003.
A HOME CARE E SEUS OBJETIVOS
Os serviços de Home Care são voltados não somente aos pacientes, como também aos seus familiares, de forma individualizada. Pacientes portadores de doenças crônicas ou degenerativas, principalmente acompanhadas de sequelas neuropsicomotoras, com benefícios de um acompanhamento constante, outros que aguardam seu restabelecimento para reinserção em suas atividades habituais ou aqueles que necessitam de suporte técnico em sua fase terminal são exemplos de potenciais clientes desta especialidade.
Objetivo
- Melhorar a qualidade de vida do paciente e seus vínculos familiares, no conforto do seu lar;
- Promover, manter e/ ou restaurar a saúde do paciente;
- Reduzir o risco de infecções cruzadas;
- Reduzir o custo do tratamento, sem perda de qualidade, com o mesmo grau de satisfação do cliente;
- Educação em saúde: treinamento do paciente ou seu cuidador frente às novas necessidades;
- Melhor acompanhamento do familiar na evolução do paciente e diminuição da sobrecarga de leitos hospitalares.